A recessão técnica é caracteriza por dois trimestre seguidos de retração.
O resultado do 2º trimestre foi revisado para uma queda de -0,4%, resultado pior do que a leitura inicial de queda de -0,1%. O IBGE também revisou o resultado da alta do PIB do 1º trimestre do ano, de 1,2% para 1,3%.
Os dados oficiais reforçam a leitura de forte desaceleração da recuperação após o PIB ter conseguido retomar no início do ano o patamar pré-pandemia.
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Variação trimestral do PIB — Foto: Elcio Horiuchi e Guilherme Luiz Pinheiro/G1
“O PIB está no patamar do fim de 2019 e início de 2020, período pré-pandemia, e ainda está 3,4% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014″, destacou o IBGE.
O resultado veio um pouco pior do que o esperado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de estabilidade no 3º trimestre sobre os três meses anteriores.
Principais destaques do PIB no 3º trimestre:
- Agropecuária: -8%
- Indústria: zero
- Serviços: 1,1%
- Consumo das famílias: 0,9%
- Consumo do governo: 0,8%
- Investimento (FBCF): -0,1%
- Importação: -8,3%
- Exportação: -9,8%
- Construção: 3,9%
- Comércio: -0,4%
O que puxou a queda
Apesar da alta de 1,1% nos serviços, que respondem por mais de 70% do PIB nacional, a queda no 3º trimestre foi pressionada para baixo por conta da queda de 8% na agropecuária e também pela queda de 9,8% nas exportações de bens e serviços. Já a indústria ficou estagnada.
Segundo o IBGE, o forte recuo na agropecuária foi consequência do encerramento da safra de soja, que também acabou impactando as exportações.
Pela ótica da despesa, os investimentos tiveram queda de 0,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Já o consumo das famílias teve expansão de 0,9% e a despesa de consumo do governo cresceu 0,8%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é o principal indicador usado para medir a evolução da economia.
Piora das expectativas
A economia brasileira vem perdendo o ímpeto mesmo com a reabertura do setor de serviços e fim de boa parte das medidas restritivas lançadas no país para frear o avanço da Covid-19 desde o começo do ano passado.
Desde setembro, as projeções para a economia têm sido revisadas continuamente para baixo, em meio à disparada da inflação e aumento das incertezas fiscais após as manobras do governo para driblar o teto de gastos e abrir espaço no Orçamento no ano eleitoral de 2022.
As preocupações com a saúde das contas públicas, o desemprego ainda elevado e a elevação em ritmo acelerado da taxa básica de juros para conter a inflação vêm provocando uma redução da confiança de empresários e consumidores.
Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a inadimplência subiu em novembro, para o maior patamar do ano, com 26,1% das famílias relatando ter dívidas ou contas em atraso.
A média atual das projeções do mercado financeiro apontam para alta de 4,78% do PIB em 2021 e de 0,58% em 2022, bem abaixo da média global e a pior perspectiva entre os países do G20. E parte dos analistas apontam para o risco de retração no ano que vem.
A inflação deve fechar o ano acima de 10% e a projeção para o IPCA de 2022 foi elevada para 5% – no limite do teto da meta do governo, de acordo com o último boletim Focus do Banco Central. Já para a Selic, a previsão é que ela suba na próxima semana a 9,25% ao ano, chegando a 11,25% ao ano em 2022. Vale lembrar a taxa básica de juros abriu o ano na mínima histórica de 2% ao ano.
Em 2020, no primeiro ano da pandemia, a economia brasileira registrou um tombo de 3,9%, segundo dados revisados divulgados nesta quinta.
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Evolução do PIB do Brasil — Foto: Economia g1