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“Isso é sórdido, eles estão destruindo nossas barracas. Nós não podemos respirar e muitas pessoas estão no hospital”, disse Ahmed Murad, membro da Irmandade Muçulmana, no limite do acampamento, onde o grupo tinha colocado sacos de areia na expectativa de uma invasão policial. O grupo islamista acusou a polícia de atirar contra ambulâncias.
Imagens de TV mostraram médicos usando máscaras de gás e óculos de natação enquanto tentavam tratar os feridos. O governo defendeu a operação. O porta-voz do Conselho de Ministros, Sherif Shauqi, leu um comunicado que chamava os manifestantes de “os arruaceiros” e pedia que a Irmandade Muçulmana parasse de ameaçar a segurança nacional.
Havia relatos também de ataques de grupos islamistas a igrejas cristãs coptas em várias províncias do sul do Egito, que seriam uma retaliação à ofensiva do Exército contra a Irmandade Muçulmana. Os confrontos se espalharam para outras cidades, como Alexandria e Fayoum, onde nove pessoas morreram. Ali, partidários de Morsi atacaram pelo menos duas delegacias de polícia e incendiaram veículos policiais.
Segundo Mohamed Soudan, membro do secretariado da Irmandade Muçulmana, protestos realizados na capital e no interior estão sendo reprimidos com violência. “É um terrível massacre que está em curso. Estão prendendo manifestantes e até médicos que socorrem os feridos”, disse Soudan ao Estado. Ainda assim, o militante acredita que a resistência continuará. “Há milhares de pessoas se mobilizando em outras cidades contra os líderes do golpe.”
Apesar da esperança de reação, a estratégia de terror das forças de segurança parece surtir efeito. Entre os militantes islamistas ouvidos pela reportagem, o medo é onipresente. Ferido por um tiro na perna há duas semanas, durante massacre em Rabaa, o advogado Ramiz Nabil retornou a Alexandria, sua cidade, e desistiu de voltar às ruas. “Eles são criminosos, não policiais. Eles atiram com munição real na população civil”, conta. “Há um genocídio em curso.” / NYT e REUTERS. COLABOROU ANDREI NETTO, Estadão